segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Elã

Quem desejo? Desejo ele. Aquele com muitas faces, muitas histórias, muitas variações. Desejo-o há muitos anos. Fui ensinada a desejá-lo quando minha pele quente e úmida esfriou pela primeira vez. A única certeza dentro de mim que cresceu ao longo dos anos é a de que nascemos um para o outro. Desejo-o todos os dias, todas as horas, todos os minutos de meu dia. Minha consciência, constantemente eufórica, puxa-o quando menos espero.
Espero-o desde sempre. Conheço-o pouco, mas esse pouco foi o bastante para fazer meus pés coçarem de desejo em buscá-lo. Quero conhecer cada centímetro seu, sentir cada veia pulsante, cada músculo - seja ele voluntário ou não. Entender como ele funciona. Tocar cada parte sua, sentir todos os perfumes possíveis.

Quero lágrimas a cada espasmo de fascinação, provocado pela minha própria alma impaciente.
Por favor, querido, me espere. Eu estou a caminho.

Estou sempre à caminho.
Tenha paciência comigo, pois sou, confesso, um pouco tímida.

Entretanto, sei que segurará minha mão e me levará devagar ao seu próprio encontro.
Não esqueça de mim jamais!
Me espere, estou chegando.

Cada vez que nos encontrarmos, me abrace com o calor, ou com o frio. Ou até com ventos, nevascas, tempestades.
Mas, por favor, mundo, nunca deixe de me abraçar.

Mais um texto proveniente da maravilhosa Oficina de Bolso, volume Romance, proposta 16 (descreva fisicamente quem você deseja hoje). O fato é que nunca levo as propostas para o lado literal, e, apesar de meu gênero preferido ser o suspense, o que seria do suspense sem o romantismo?


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